Bonus Depreciation nos EUA em 2025: O que é, como funciona e quais os impactos para os mercados dos EUA e Brasil.

Leonardo R. Cordeiro
10 de jul.
4 min de leitura

Em julho de 2025, os Estados Unidos reinstauraram o chamado bonus depreciation de 100%, um benefício fiscal poderoso que pode impactar diretamente os mercados de aviação executiva nos EUA e no Brasil. Entenda abaixo o que isso significa, quem pode se beneficiar e por que esse incentivo deve influenciar decisões de compra, importação e valorização de ativos.

O que é Bonus Depreciation?

Bonus depreciation é uma provisão do Código Tributário dos EUA (IRC §168(k)) que permite que empresas deduzam imediatamente o custo total de ativos qualificados – como aeronaves – no mesmo ano fiscal em que são adquiridos e colocados em serviço, ao invés de depreciá-los ao longo de vários anos.

Ou seja, se uma empresa americana compra uma aeronave de US$ 10 milhões, ela pode abater esse valor integral da sua base de cálculo de imposto no ano da compra. Isso reduz drasticamente o imposto devido naquele exercício, melhorando o caixa e tornando a compra mais atrativa.

Histórico e a mudança de 2025

Anteriormente, o benefício estava sendo gradualmente reduzido:

2022: 100%
2023: 80%
2024: 60%
Estava previsto para cair para 40% em 2025 e 20% em 2026, encerrando-se depois disso.

No entanto, com a aprovação da One Big Beautiful Bill Act (H.R.1) em julho de 2025, o Congresso restaurou o bônus depreciação de 100% de forma permanente para ativos adquiridos a partir de 19 de janeiro de 2025.

O que é Transitional Election?

O termo transitional election se refere à opção dada ao contribuinte de seguir a regra anterior de depreciação escalonada, mesmo após a nova lei de 2025.

Exemplo:

Uma empresa que contratou a compra de um jato antes da nova lei, com entrega em 2025, pode optar por manter a dedução de 60% (regra de 2024) se desejar.
Essa opção é útil para quem quer distribuir a dedução ao longo de mais anos, evitando impactos no balanço ou aproveitando créditos futuros.

É uma escolha estratégica que depende do planejamento tributário da empresa.

Quem pode usar?

Empresas que compram aeronaves (novas ou usadas) nos EUA para uso empresarial predominante (mais de 50%). Para ter direito à dedução:

A aeronave deve entrar em operação no mesmo ano fiscal.
O comprador deve ter base tributária nos EUA (pessoa jurídica americana).
É necessário manter documentação completa de voos, objetivos e passageiros.

Impactos nos EUA

Na prática qual será o impacto e os maiores benefícios para as empresas americanas?

Positivos:

Aquisição de jatos fica mais barata após dedução.
Demanda aquecida por jatos executivos e turboélices.
Valorização de ativos usados, com escassez de aeronaves no mercado secundário.
Fomento à indústria americana de aviação (OEMs, operadores, MROs, brokers).

Riscos:

Maior escrutínio do IRS: o governo americano já anunciou reforço nas auditorias para detectar uso pessoal disfarçado como empresarial.
Pressão inflacionária no setor, com aumento de preços generalizado.

Impactos para o Brasil

Com a retomada da bonus depreciation nos Estados Unidos, os efeitos não se limitam ao mercado americano. O Brasil também deve sentir os reflexos dessa política fiscal, sobretudo no custo das aeronaves importadas, na valorização de ativos já nacionalizados e nas estratégias de aquisição para quem atua com operações internacionais. Abaixo, destacamos os principais impactos:

1. Alta nos preços internacionais

Com mais americanos buscando jatos, a oferta global encolhe. Isso pressiona os preços de aeronaves nos EUA e Europa, dificultando a negociação para compradores brasileiros.

2. Valorização de jatos nacionalizados

Quem já possui aeronave registrada no Brasil pode ver seu ativo valorizar, especialmente se for modelo com boa aceitação internacional.

3. Corrida para importar

Para quem considera importar, 2025 é o momento ideal. O risco é que, em poucos meses, os preços aumentem e a concorrência por modelos específicos fique mais acirrada.

Cuidado com regras e riscos

A dedução de 100% é extremamente vantajosa para empresas americanas, mas só vale para quem cumpre integralmente as exigências legais. Os principais pontos de atenção são:

Uso predominante empresarial documentado
Registros de voos e passageiros
Evitar uso pessoal sem registro e compensação
Atenção às regras de leasing entre partes relacionadas
Análise detalhada do impacto contábil

Uma falha nesse processo pode levar à recaptura da dedução, além de juros e penalidades.

Conclusão

A reativação do bonus depreciation em 2025 reposiciona o mercado americano como epicentro global de negócios com aeronaves. Para empresas nos EUA, é uma janela poderosa de economia. Para compradores brasileiros, é sinal de alerta e oportunidade:

Alerta para possível aumento de preços e concorrência.
Oportunidade para antecipar importações ou reavaliar ativos existentes.

O benefício fiscal não se aplica diretamente a empresas sediadas no Brasil, mas seus efeitos devem influenciar todo o mercado global de aeronaves. Diante do cenário de valorização e aumento da demanda, quem está considerando adquirir uma aeronave pode encontrar neste momento uma janela estratégica para agir com vantagem.

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